POR ESTES
dias, uma manifestação neo-nazi autorizada realizou-se na cidade de
Magdeburgo, em memória das vítimas dos bombardeamentos aliados durante a
II Guerra Mundial. Nessa manifestação participaram também nostálgicos
do III Reich e simpatizantes do NPD (extrema-direita racista). Também
membros da direcção deste último partido se reuniram numa cerimónia
igualmente autorizada, na capital dum land que fez parte da antiga RDA.
O
NPD existe na Alemanha desde 1964 e recebe dinheiro do Estado federal
alemão para poder existir. Em 2010, recebeu mais de um milhão de euros
e, além destas subvenções, dispõe de 13 deputados nos parlamentos
regionais de Mecklenburg e na Alta Saxónia e ainda conta com mais de 300
vereadores espalhados pelo poder local. Em 2003 tentaram ilegalizá-lo
mas tiveram de desistir, no meio dum escândalo, depois de se descobrir
que havia agentes provocadores infiltrados até às cúpulas dirigentes do
partido. O escândalo foi tal que até hoje ninguém voltou a falar da sua
ilegalização.
Hoje,
o mais interessante desta questão é verificarmos que quer Angela
Merkel, quer o seu ministro do Interior, Hans Peter Friedrich (CSU
bávaro) ainda não chegaram a uma conclusão sobre se o NPD deve, ou não,
ser proibido, apesar das investigações ligarem o NPD a grupúsculos
extremistas neo-nazis, comprometidos em atentados e assassínios
racistas, como aqueles cometidos pela “Célula de Zelle”, um trio
assassino que actuou por todo o País na última década.
Mas o mais intrigante deste caso é o NPD existir desde 1964 e hoje ser o partido da extrema-direita mais antigo da Europa sem que tenha logrado converter-se numa grande força, como a Frente Nacional francesa ou o belga Bloco Flamengo. A extrema-direita alemã não cresceu ao longo dos anos, nem sequer depois da reunificação, e nunca teve um líder carismático como Jean Marie Le Pen, em França.
Mas o mais intrigante deste caso é o NPD existir desde 1964 e hoje ser o partido da extrema-direita mais antigo da Europa sem que tenha logrado converter-se numa grande força, como a Frente Nacional francesa ou o belga Bloco Flamengo. A extrema-direita alemã não cresceu ao longo dos anos, nem sequer depois da reunificação, e nunca teve um líder carismático como Jean Marie Le Pen, em França.
Curioso
o facto dos dirigentes do NPD não recusarem a hipótese de recorrerem ao
tribunal de Karlruhe para que seja decidida a sua legalidade. Se, como
aconteceu em 2003, o governo alemão voltar a falhar, chegar-se-ia à
conclusão de que alguma coisa está mal nos serviços secretos federais
para falharem tão estrepitosamente, por duas vezes seguidas, e com tanto
tempo pelo meio. Restaria o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que
proíbe partidos quando estes pretendem alcançar o poder por meios
antidemocráticos, como já fez com o basco Herri Batasuna, em 2009. Algo
que o NPD tem o maior cuidado em evitar que se possa provar.
In Sorumbático, 14 Jan 13
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