quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

LÁ VOLTAM ELES, CANTANDO E RINDO…


O PRESIDENTE da Hungria e o seu partido acentuam cada vez mais a sua tendência nacionalista, procurando obter maiores apoios e mais seguidores na extrema-direita. É nesta linha de propósito que se podem entender as homenagens oficiais a figuras políticas do passado que apoiaram as “Flechas Cruzadas”, o movimento dos colaboradores húngaros dos nazis.
O mal-estar social face à ameaça da crise cristaliza em muitos países da Europa central e oriental, de modo a fazer ressurgir novos nacionalismos, populismos e até anti-semitismo, como sucede precisamente na Hungria. Em 2010, um partido da extrema-direita (Jobbik) conseguiu 17% dos votos e hoje exige uma lista dos judeus com responsabilidades no Governo, no Parlamento e nos meios de Comunicação da Hungria. No novo plano de ensino, diversos escritores anti-semitas figuram nos respectivos programas de leitura obrigatória.
Também na Polónia a recuperação de certos aspectos do passado e a insegurança crescente relativamente ao futuro, dinamizou um crescente movimento nacionalista polaco que cada vez mais frequentemente se manifesta nas ruas e, pela segunda vez consecutiva, celebra o Dia Nacional. Recentemente, a Polícia anunciou ter detido um indivíduo que intentara fazer explodir boa parte da classe política de Varsóvia reunida no parlamento, à maneira do norueguês Anders Brevik.
Igualmente na Roménia, onde por estes dias haverá eleições parlamentares, o populismo e o nacionalismo estão na ordem do dia, canalizados pelas estações de televisão privada. Os proprietários dos órgãos de comunicação social, oligarcas que enriqueceram à custa de negócios obscuros que se seguiram à morte de Ceausescu, procuram evitar, por todos os meios, que juízes independentes façam o seu trabalho, ao mesmo tempo que não têm hesitações em destroçar as reputações e pôr em dúvida a honorabilidade de qualquer adversário.
Estes sentimentos antidemocráticos, xenófobos e racistas manifestam-se igualmente na Alemanha. Segundo um recente estudo da Fundação social-democrata Friedrich Ebert, um em cada seis alemães que vivem no território da antiga RDA proclama-se de extrema-direita, e na antiga República Federal, 1 em cada 14. Em toda a Alemanha, um em cada três pensa que os judeus se aproveitam das recordações do holocausto e 60% de todos os alemães têm uma opinião negativa acerca do Islão.
As ideias da velha Europa, afinal de contas, estão bem mais perto do que se julga, enquanto estes sentimentos animam mais corações do que parece… 
 In Sorumbático, 19 Dez 12

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