O PRESIDENTE da Hungria e o seu partido acentuam cada vez mais a sua tendência nacionalista, procurando obter maiores apoios e mais seguidores na extrema-direita. É nesta linha de propósito que se podem entender as homenagens oficiais a figuras políticas do passado que apoiaram as “Flechas Cruzadas”, o movimento dos colaboradores húngaros dos nazis.
O mal-estar social face à ameaça da crise cristaliza em muitos
países da Europa central e oriental, de modo a fazer ressurgir novos
nacionalismos, populismos e até anti-semitismo, como sucede precisamente na
Hungria. Em 2010, um partido da extrema-direita (Jobbik) conseguiu 17% dos
votos e hoje exige uma lista dos judeus com responsabilidades no Governo, no
Parlamento e nos meios de Comunicação da Hungria. No novo plano de ensino,
diversos escritores anti-semitas figuram nos respectivos programas de leitura
obrigatória.
Também na Polónia a recuperação de certos aspectos do passado e a
insegurança crescente relativamente ao futuro, dinamizou um crescente movimento
nacionalista polaco que cada vez mais frequentemente se manifesta nas ruas e,
pela segunda vez consecutiva, celebra o Dia Nacional. Recentemente, a Polícia
anunciou ter detido um indivíduo que intentara fazer explodir boa parte da
classe política de Varsóvia reunida no parlamento, à maneira do norueguês
Anders Brevik.
Igualmente na Roménia, onde por estes dias haverá eleições
parlamentares, o populismo e o nacionalismo estão na ordem do dia, canalizados
pelas estações de televisão privada. Os proprietários dos órgãos de comunicação
social, oligarcas que enriqueceram à custa de negócios obscuros que se seguiram
à morte de Ceausescu, procuram evitar, por todos os meios, que juízes
independentes façam o seu trabalho, ao mesmo tempo que não têm hesitações em
destroçar as reputações e pôr em dúvida a honorabilidade de qualquer
adversário.
Estes sentimentos antidemocráticos, xenófobos e racistas
manifestam-se igualmente na Alemanha. Segundo um recente estudo da Fundação
social-democrata Friedrich Ebert, um em cada seis alemães que vivem no
território da antiga RDA proclama-se de extrema-direita, e na antiga República
Federal, 1 em cada 14. Em toda a Alemanha, um em cada três pensa que os judeus
se aproveitam das recordações do holocausto e 60% de todos os alemães têm uma
opinião negativa acerca do Islão.
As ideias da velha Europa, afinal de contas, estão bem mais perto
do que se julga, enquanto estes sentimentos animam mais corações do que
parece…
In Sorumbático, 19 Dez 12
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