PARA OS FILHOS da Flandres, a Bélgica é uma invenção
despropositada e opressiva que obriga seis milhões de flamengos a trabalharem
para pagar a improdutividade de 5 milhões de valões do Sul do País. Uns falam
neerlandês, os outros falam francês, são todos católicos e têm o mesmo rei. Os
flamengos gostavam de se verem livres dos valões e deste País inventado pelos
britânicos, depois das guerras com Napoleão, para servir de amortecedor a
possíveis futuros invasores. Mas o franco belga desapareceu e a manterem a
Bélgica restam o rei e Bruxelas, que ainda ninguém teve coragem de dividir ao
meio, repartindo a UE, a NATO e as outras organizações internacionais que ali
têm sede, deixando uma corte francófona paredes meias com a sede duma nova
República neerlandesa, uma dum lado, a outra do outro.
Muitos italianos do Norte também adorariam separar-se do resto do
País, libertarem-se da Itália do Sul, deixarem para lá o “mezzo giorno” pobre,
pouco trabalhador e não muito produtivo, entregue ao crime organizado que tanto
os envergonha. A Liga do Norte, partido que até já esteve no Poder e participou
em Governos de Roma, sonha com a independência do que chamam Padânia, esse novo
País sonhado para o Norte da Itália.
Os corsos almejam a independência da sua Córsega do resto da França
e não desarmam as suas pretensões separatistas. O País Basco aspira à
independência, quer do reino de Espanha, quer de parte do Sul da França,
enquanto também a Catalunha deseja igualmente a sua independência de Madrid,
ainda que duma forma mais suave do que os Bascos mas muito mais interesseira.
Em 2014, a
Escócia vai dizer-nos através dum referendo se quer a independência do Reino
Unido, apesar de gozar de ampla autonomia e se governar por meio dum criativo e
independente parlamento que lhe fiscaliza o executivo e dita as suas leis.
Ainda há muito pouco tempo assistimos à explosão da antiga
Jugoslávia, pulverizada em diversas repúblicas, e vimos também a implosão da
Checoslováquia, que se rasgou em duas, enquanto as antigas repúblicas soviéticas
também davam o seu grito do Ipiranga, embora algumas delas ainda mantenham
situações territoriais e étnicas mal resolvidas.
É desta Europa que os burocratas que governam muito deste
continente reclamam solidariedade, não se percebe bem nem como nem porquê. A
nós, desde que nos gritaram “A Europa Connosco”, nunca ninguém explicou porque
razões a Europa não tem uma política externa comum e umas forças armadas sob o
mesmo comando. Assim como também se têm esquecido de apontar a nossa
superioridade: país continental uno e indivisível, uma só língua (ainda que
cada vez mais maltratada) e 900 anos de História (também cada vez mais
esquecida).
Pois é! A Europa é tudo aquilo que cumpro o ingrato dever de aqui
recordar. Não nos embalem agora na canção de “a Europa Unida jamais será
vencida”, depois de estarmos todos a perceber que também é mentira o que nos
disseram da ”Europa estar connosco”.
Mais Alentejo, Outubro 2012
Enfim, a Europa, mesmo bem nutrida, jamais será unida.
ResponderEliminarNem com prémios Nobel.
E nós, somos o pessoal da beirada sudoeste, aquela gentinha que nem tem governo nem deixaria que a governassem.
Mas elege(mos) uns espertos que lá vão escarafunchando para si próprios nos órgãos formais da pirâmide europeia.
Um tal Barroso que o diga. E mais uns deputados que sacam umas coroas.
Se assim não é, parece. E o respeito que inspiram é nenhum. Infelizmente.