HOUVE um curto período da nossa vida
económica que até nos servíamos de imigrantes, gente do leste com educação
superior, nuns casos, africanos ilegais, sem papéis, brasileiros às carradas,
todos eles desejosos e necessitados de uma
vida melhor.
Mas foi sol de pouca dura,
depressa voltámos onde estamos hoje e donde vínhamos ontem, regressando à nossa
natureza de País de emigrantes, com mais de quatro milhões de compatriotas
nossos espalhados pelo mundo a mandarem remessas com as suas poupanças que
ninguém lhes agradece.
No Século XIX, os portugueses emigravam sobretudo para o Brasil.
Foi, de resto, a quebra do câmbio da moeda brasileira que muito contribuiu para
a bancarrota do Estado português em 1891, tanto era o dinheiro que os nossos
patrícios de lá enviavam e que deixou de ter valor. Depois dessa dificuldade,
muitas cartas de chamada ajudaram muitos outros portugueses a emigrar para a
Venezuela, Angola, Moçambique, África do Sul, Havai e Estados Unidos, e mais onde quer que fosse que um homem se
pudesse valer e desenrascar.
Nos anos 60 do século XX empestámos a França e a Alemanha com cerca
de dois milhões de portugueses que haveriam de construir as modernas cidades da
Europa e trabalhar nas suas fábricas. As portuguesas eram, sobretudo, porteiras
e mulheres de limpeza. Mas cá, nesses tempos, a pobreza era tal, que qualquer
trabalho lá fora valia a pena, para educar os filhos, viver aceitavelmente
e ainda mandar o dinheiro para cá, para construir uma casa de família.
Agora voltámos a exportar portugueses carenciados. A diferença é
que juntamente com a mão de obra indiferenciada que sempre mandámos embora, vão
também jovens educados que em Portugal não encontram trabalho para as suas
qualificações. Gente boa, bem preparada, com habilitações proporcionadas por
Portugal, que assim perde o seu valor, transformando-os em mais desperdícios. Esperemos
que por pouco tempo, pois Portugal precisa deles e continua um belo sítio para se
construir um País.
In Sorumbático
Sem comentários:
Enviar um comentário