HÁ POUCO mais
duma semana, seis cientistas e um representante do Governo foram condenados a 6
anos de cadeia por terem tentado tranquilizar as populações de L’Aquila,
pedindo-lhes que não entrassem em pânico por causa duma onda de sismos que se
fez sentir naquela região de Itália em 2009. Mas pouco depois, a 6 de Abril
desse mesmo ano, um terramoto destruiria ali povoações e mataria um total de 309
pessoas.
Aqueles que aprovaram edifícios que não foram construídos
pelas regras anti-sísmicas obrigatórias, não foram sequer julgados. Mas meia dúzia de
cientistas que participaram numa reunião com o representante do Governo e
concordaram em dizer que uma série de sismos não antecedem, necessariamente, um
terramoto sempre imprevisível, foram achados culpados e condenados a prisão
efectiva.
Os geólogos foram ingénuos ao darem o seu nome e a estarem
presentes num evento mediático organizado
para tranquilizar a população assustada. Principalmente, ao nem terem
sequer controlado os termos do comunicado final que agora os inculpou.
Não comento a incongruência da sentença, cujo acórdão
desconheço. O mal vai ser, de futuro, os cientistas recusarem-se a dar opiniões
sobre fenómenos que não podem prevenir. O bom é que, daqui em diante, os
cientistas se mostrem mais independentes
do poder político, qualquer que este seja.
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