A HISTÓRIA organiza-se em camadas, como se
fosse uma cebola. Toda a gente tem uma camada de que gosta mais. Os
informáticos pensam em bits, os desportistas em segundos, os cães e os brokers em minutos, as mulheres em dias,
os políticos profissionais em anos, as famílias em décadas, os políticos sérios
e de vocação em séculos, os cientistas em milénios.
Se aplicarmos a nossa energia sobre essa cebola, podemos
livrar-nos do nosso nefasto destino. Mas é preciso aplicar muita energia.
Quanta mais, melhor, e muito concentrada sobre a capa que preferirmos, porque a
energia tende a dispersar-se.
Nesta cebola, de tão fina e delicada, cada capa afecta a
seguinte, pelo que a maneira mais prática de mudar o futuro é concentrarmos toda
a nossa energia, todo o nosso esforço, na capa que está no centro: o presente,
agora!
Além da cebola do tempo, há a cebola do espaço. Também aqui
podemos escolher onde exercer a nossa energia. Podemos pensar em indivíduos,
famílias, bairros, cidades, nações, continentes, planetas.
Daqui a uns quantos milénios o degelo poderá acabar com a
civilização. Mas dentro de alguns séculos esgotar-se-ão o petróleo e o urânio,
haverá guerras nucleares, biológicas, climatológicas, fome, frio e sede, de
água mas também de justiça e de vingança, haverá trágicos êxodos, horríveis
matanças.
Porém, nada disto nos impressiona tanto como a realidade mais
próxima: nas próximas horas mais umas centenas de portugueses vão ficar sem
emprego, outras centenas ficarão sem casa e milhares de pessoas como estes
nossos compatriotas terão o mesmo destino no sul da Europa. O passo seguinte
será preocupar-nos só connosco e com aquilo que nos possa suceder…
Sem comentários:
Enviar um comentário