NA MANIFESTAÇÃO de 15 de Setembro, contra a austeridade do Governo
e da troika, houve diversos sinais de
humor, criatividade e boa disposição de que nos podemos orgulhar. São símbolos
do melhor da nossa identidade colectiva e não deixam de nos acompanhar nos
períodos mais difíceis e controversos. Infelizmente, os nossos humoristas profissionais
perderam a graça toda, entregues a encomendas de longa duração, e os nossos
jornalistas têm muitas e boas razões para se preocuparem com outras coisas,
acabando nós, assim, por só darmos por aquilo que nós próprios vemos.
O
melhor cartaz da manifestação de 15 de Setembro era o que não queria que o
ministro Gaspar transformasse o nosso País num “irremediável POORTUGAL”.
Notáveis a graça, o poder de síntese e o efeito que a revista britânica “The
Economist” teve a distanciação suficiente, o profissionalismo e o golpe de asa
de recuperar e de destacar, atribuindo-lhe acertadamente a sua autoria “à rua”.
Graciosamente,
o autor do artigo sobre Portugal e a sua dramática situação económica e
financeira não resiste a comparar este “rebranding” popular à criação do
ministério do Dr. Manuel Pinho, ministro de Sócrates, quando fez uma campanha
internacional para vender o “ALLGARVE”.
Mas
havia outros cartazes notáveis nas ruas de Lisboa, durante a manifestação de 15
de Setembro. Um deles, de que não me esquecerei, explicava: “Este Governo é
como o meu marido. Não sabe o caminho, mas não pára para perguntar”.
Esta
capacidade de humor recorda-me algumas outras frases que em 74-75, em pleno PREC, iam fazendo
rir a “revolução”. Como a inscrição na Avenida 5 de Outubro que garantia que
“tudo na vida tem um fim, menos o chouriço que tem dois.” Ou a Igreja dos
Mártires apresentando numa porta “Entrada dos Leões” e, noutra, “Entrada dos
Cristãos”.
E
o humor popular tem sempre algo de interactivo. Vejam a frase escrita sobre o
símbolo católico do peixe “Cristo vem aí!” a que alguém respondeu, com outra
tinta e caligrafia “Venho já”!
Poderíamos
ficar aqui a recordar muitas outras expressões do nosso genuíno humor popular.
Tanto, que em vez disso atrevo-me a pedir ao SORUMBÁTICO que solicite aos seus
contribuidores e leitores para aqui enviarem frases destas de que se recordem,
a fim de todos nós podermos rir-nos um pouco, apesar da crise! Há dias, um
jovem enfermeiro que teve de emigrar pediu ao Presidente que não aprovasse uma lei
com taxas sobre as lágrimas e a saudade. Eu, aqui, não peço mais nada a
ninguém. Lembro só que, por enquanto, rir não paga imposto!
.
.
In Sorumbático – 23 Out 12
Sem comentários:
Enviar um comentário