segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Parece que foi hoje…



O MINISTRO Victor Gaspar disse, a quem o quis ouvir, que a sua proposta de Orçamento de Estado não pode ser mexida. “Não há margem”, explicou ele.”No máximo,” explicou ele”, há uma margem mínima para correcções”.
O pessoal ficou compreensivelmente chocado. Ele atreve-se a dizer que não podem modificar nada?! Então e o Parlamento? Os deputados representam os papéis que lhes encomendam, mas dito assim, à frente de todos, parece muito mal! Por que raio não conta o Parlamento numa coisa tão importante para todos como esta, pergunto eu!?
Porque o Governo do Estado Moderno é apenas um comité de gestão de negócios comuns de toda a classe burguesa. Na sociedade burguesa, o capital é independente e pessoal enquanto o indivíduo que trabalha não tem independência nem personalidade. Impedida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo, necessita estabelecer-se em toda a parte, explorar em toda a parte, criar vínculos em toda a parte.
A resultante obrigatória dessas transformações foi a centralização política. Províncias independentes, apenas ligadas por débeis laços federativos, possuindo interesses, leis, governos e tarifas aduaneiras diferentes foram unidas numa só nação, com um só governo, uma só lei, um só interesse nacional de classe, uma só barreira alfandegária.
Em virtude da concorrência crescente e devido às crises comerciais que daí resultam, os salários tornam-se cada vez mais instáveis.
O preço médio que se paga pelo trabalho por conta de outrem é um mínimo de salário, ou seja, é a soma dos meios de subsistência necessários para que o trabalhador viva como trabalhador.
Depois de sofrer a exploração do fabricante e de receber o seu salário em dinheiro, o operário torna-se presa de outros membros da burguesia: do proprietário, do retalhista, do banqueiro, etc.
As camadas inferiores da classe média de outrora, os pequenos industriais, pequenos comerciantes e pessoas que possuem rendas, artesãos, camponeses, caem nas fileiras do proletariado.
De que maneira consegue a burguesia vencer as crises? Por um lado através da destruição violenta de uma grande quantidade de forças produtivas; por outro lado pela conquista de novos mercados e pela exploração mais intensa dos antigos. A que leva isso? À formação de futuras crises, mais extensas e destruidoras, e à diminuição dos meios capazes de evitá-las.
Toda a explicação utilizada para responder à pergunta que formulei no segundo parágrafo foi escrita há 164 anos e consta do Manifesto do Partido Comunista. É Marx e Engels sem tirar nem pôr. Quem me ajudou a encontrar esta citação que se aplica aos nossos tempos de hoje com plena actualidade foi o Pedro Tadeu, mas quando se lê o que os teóricos escreviam regressamos com eles ao século XIX , muito próximo afinal, de onde nos encontramos agora.

Sem comentários:

Enviar um comentário