O IMENSO,
 único actor Gérard Dépardieu veio chamar a atenção de todo o Mundo em 
geral e da França em particular para o fenómeno da fuga de milhares de 
contribuintes franceses para países de fiscalidade mais moderada, a qual
 acontece há muitos anos e se acentuou desde que os socialistas 
reocuparam o poder em Paris. 
Gérard
 transferira o seu domicílio fiscal de França para a Bélgica, 
internando-se cerca de 600 metros para lá da fronteira, e ali comprando 
uma casa que passou a ser a sua residência fiscal quando foi atingido 
pela grosseria do primeiro ministro, a ministra da cultura e o ministro 
do trabalho de Hollande. 
Dépardieu
 limitara-se a fazer o que milhares de outros haviam feito e a repetir o
 que geralmente acontece quando um determinado país sobe os seus 
impostos. David Niven viveu anos e anos no Sul de França, Paulo Coelho 
vive em França com residência fiscal no Brasil, Anthony Hopkins 
naturalizou-se norte-americano e vive nos Estados Unidos, etc., etc., 
até aos milhares de outros, anónimos, que vivem na América do Sul, no 
Sul da Europa, em Andorra, no Luxemburgo, Lichenstein ou Principado de 
Mónaco, para fazerem exactamente o mesmo que Gérard Dépardieu fez sem 
ouvirem um primeiro-ministro de casca grossa classificá-los de 
“desprezíveis”! Algo que justificadamente nem Cyrano de Bergerac nem 
Obélix gostaram de ouvir nem sequer mereciam… 
A
 insensibilidade dos burocratas franceses fez com que Putin, presidente 
do Governo dum país que venera o teatro, reconhece a cultura e admira 
profundamente a figura de Dépardieu, lhe oferecesse a cidadania, 
concedendo-lhe um passaporte russo e abrindo-lhe uma república da 
federação para ali construir uma casa num bosque. Alguns actores de meia
 leca, da babugem do PSF, também vieram zurrar em público contra 
Dépardieu, mas para esses bastou uma carta de Catherine Deneuve no 
diário “Liberation”. 
 A
 actriz meteu-os na ordem e recordou a dimensão artística e cívica de 
Dépardieu. Este, por seu turno, numa carta aberta, recordou a sua vida 
de trabalho desde os 14 anos de idade, os 185 milhões de euros pagos ao 
fisco ao longo duma vida de trabalho fiscalmente impoluta, os 80 
empregos que actualmente assegura com a sua produção artística, os mais 
de 100 postos de trabalho que mantém nos seus restaurantes e nas 
herdades onde produz os seus vinhos. 
 Todos
 os anos saem de França uma média de 800 “exilados fiscais”, e 
banqueiros e empresários começam a dar sinal de desconforto apesar do 
Tribunal Constitucional ter chumbado os impostos mais elevados com que 
as fortunas eram visadas pelo Governo Este procura ainda criar um 
imposto de 75% sobre rendimentos acima do milhão de euros. 
Admite-se
 que o número de “fugitivos” aumente, o que geralmente acontece sempre 
num determinado país onde se aumentam muito os impostos.
In Sorumbático, 18Jan 2013 
 
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