sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A EUROPA UNIDA JAMAIS SERÁ VENCIDA…



PARA OS FILHOS da Flandres, a Bélgica é uma invenção despropositada e opressiva que obriga seis milhões de flamengos a trabalharem para pagar a improdutividade de 5 milhões de valões do Sul do País. Uns falam neerlandês, os outros falam francês, são todos católicos e têm o mesmo rei. Os flamengos gostavam de se verem livres dos valões e deste País inventado pelos britânicos, depois das guerras com Napoleão, para servir de amortecedor a possíveis futuros invasores. Mas o franco belga desapareceu e a manterem a Bélgica restam o rei e Bruxelas, que ainda ninguém teve coragem de dividir ao meio, repartindo a UE, a NATO e as outras organizações internacionais que ali têm sede, deixando uma corte francófona paredes meias com a sede duma nova República neerlandesa, uma dum lado, a outra do outro. 
Muitos italianos do Norte também adorariam separar-se do resto do País, libertarem-se da Itália do Sul, deixarem para lá o “mezzo giorno” pobre, pouco trabalhador e não muito produtivo, entregue ao crime organizado que tanto os envergonha. A Liga do Norte, partido que até já esteve no Poder e participou em Governos de Roma, sonha com a independência do que chamam Padânia, esse novo País sonhado para o Norte da Itália.
Os corsos almejam a independência da sua Córsega do resto da França e não desarmam as suas pretensões separatistas. O País Basco aspira à independência, quer do reino de Espanha, quer de parte do Sul da França, enquanto também a Catalunha deseja igualmente a sua independência de Madrid, ainda que duma forma mais suave do que os Bascos mas muito mais interesseira.
Em 2014, a Escócia vai dizer-nos através dum referendo se quer a independência do Reino Unido, apesar de gozar de ampla autonomia e se governar por meio dum criativo e independente parlamento que lhe fiscaliza o executivo e dita as suas leis.
Ainda há muito pouco tempo assistimos à explosão da antiga Jugoslávia, pulverizada em diversas repúblicas, e vimos também a implosão da Checoslováquia, que se rasgou em duas, enquanto as antigas repúblicas soviéticas também davam o seu grito do Ipiranga, embora algumas delas ainda mantenham situações territoriais e étnicas mal resolvidas.
É desta Europa que os burocratas que governam muito deste continente reclamam solidariedade, não se percebe bem nem como nem porquê. A nós, desde que nos gritaram “A Europa Connosco”, nunca ninguém explicou porque razões a Europa não tem uma política externa comum e umas forças armadas sob o mesmo comando. Assim como também se têm esquecido de apontar a nossa superioridade: país continental uno e indivisível, uma só língua (ainda que cada vez mais maltratada) e 900 anos de História (também cada vez mais esquecida).
Pois é! A Europa é tudo aquilo que cumpro o ingrato dever de aqui recordar. Não nos embalem agora na canção de “a Europa Unida jamais será vencida”, depois de estarmos todos a perceber que também é mentira o que nos disseram da ”Europa estar connosco”.
Mais Alentejo, Outubro 2012

1 comentário:

  1. Enfim, a Europa, mesmo bem nutrida, jamais será unida.
    Nem com prémios Nobel.
    E nós, somos o pessoal da beirada sudoeste, aquela gentinha que nem tem governo nem deixaria que a governassem.
    Mas elege(mos) uns espertos que lá vão escarafunchando para si próprios nos órgãos formais da pirâmide europeia.
    Um tal Barroso que o diga. E mais uns deputados que sacam umas coroas.
    Se assim não é, parece. E o respeito que inspiram é nenhum. Infelizmente.

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